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Mostrando postagens de 2014

Rothbard e a política

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Rothbard foi um néscio em se tratando de política teórica. Todo o arranjo social que ele desenvolveu foi baseado em construções econômicas como peça funcional. Por isso que ele morreu sem saber o que era anarquismo e as próprias mecânicas saudáveis de uma sociedade baseada em instituições democráticas.  O anarquismo aperfeiçoa as instituições democráticas que os liberais tanto buscaram reformar. Rothbard as destrói pelo regimento governamental do privatismo.

Descentralismo social

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Minha preocupação com o PT não tem nada a ver com "implantação do comunismo", "vai virar Cuba", e essas coisas ditas sem cabimento. O que me preocupa é a veia centralizadora e, por consequência, mais ou menos autoritária que sempre existiu no partido. Ao menos nas altas cúpulas (ou você acha que o vereador petista do seu bairro possui planos mirabolantes?). Nada muito diferente dos outros partidos de esquerda existentes hoje, de onde se originaram em alas dentro do próprio PT. Mas de todo modo a esquerda tradicional brasileira, fiel ao apego às políticas estati stas mesmo sendo partidária ou não, é de uma "esquerda jurássica", presa em pensamentos já desgastados e órfã de novas propostas. E isso se reflete nas eleições desse ano. Soma isso ao fato de que sua linha de atuação é incompatível com as principais mudanças de base que vem ocorrendo na transformação de sociedades como a economia compartilhada nos EUA e Europa; as redes de cooperativas so

Desmistificando a esquerda americana tradicional

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Entre grande parte dos brasileiros que costumam acompanhar as andanças políticas dos Estados Unidos, percebo que eles geralmente caem em erros conceituais de teoria política e do próprio cenário político americano. E isso independe do grupo em qual tal pessoa se identifica. Por isso resolvi elucidar alguns pontos importantes sobre o tema, mas sem aprofundar neles. Ser simples, porém objetivo. Dentro do cenário político americano os dois maiores grupos são dos conservatives e dos liberals . O Partido Republicano, de direita, defendendo os interesses dos conservatives e o Partido Democrata, de esquerda, defendendo os interesses dos liberals . Porém há subgrupos dentro dos próprios partidos que diferem dos grupos majoritários mencionados. Irei mencioná-los depois com foco na esquerda. Os liberals  não são e não devem ser confundidos com o que chamamos no Brasil de "liberal" (ou às vezes, liberal clássico), que são os defensores da livre concorrência e d e um estado m

Kevin Carson, mutualista ricardiano

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Dando uma olhada em um fórum anarquista , em uma das threads em que se discutia as teorias de Kevin Carson eu vi um comentário muito pertinente que me fez pensar bastante sobre. Um dos comentaristas afirmava que “ Carson está mais para um socialista ricardiano do que para um mutualista proudhoniano ”. Faz sentido! Embora não 100%  acurada , essa frase expressa boa parte das teorias econômicas e políticas carsonistas. Levando em consideração que Carson segue a tradição anarquista individualista americana, isto é, onde seus propagadores se apoiam em bases mutualistas (abolição da propriedade privada, sociedades horizontais, solidarismo, etc), porém almejando uma sociedade bem diferente das comunidades federalizadas e cooperativadas do mutualismo clássico de Pierre Proudhon, de certo modo soa estranho colocar os individualistas americanos e mutualistas clássicos como algo quase que único. Embora Proudhon fosse pró-mercado, ele nunca defendeu algo como "socialismo de l

As instituições nacionais

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A cada cavalete arrebentado, a cada iniciativa contra os "santinhos" (só na minha rua eu vi duas casas com um cesto de lixo no próprio portão pras papeladas eleitorais), a cada "Tiririca" sendo eleito, cada descontentamento gerado pelo voto obrigatório ou até mesmo a incrível marca de votos nulos/ brancos/ desistentes que houve, tudo isso demonstra um completo desprezo não só pela política atual, mas pelas instituições nacionais também. Mostra que o estado de direito, a democracia representativa e o Brasil enquanto estado-nação não tem o devido respeito que ele almeja. E esse desprezo pelas instituições nacionais, a negação de sua representatividade para com o povo é compartilhada por mim também. Ou se vota com os de cima, ou se luta com os de baixo.

Sobre a liberdade econômica

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O que eu entendo por liberdade econômica? Bem, pra mim liberdade econômica não é exatamente diminuição de impostos ou a flexibilização regulamentações, por exemplo. Claro, tudo isso faz parte da liberdade econômica, mas não é a principal questão. A ideia base da liberdade econômica é a ausência de privilégios, a quebra de monopólios. Uma nação não é mais livre economicamente que uma outra porque teve impostos reduzidos, por exemplo. Ela é mais livre quando se quebra (ou dimin ui) monopólios que privilegiam uma elite econômica. Por exemplo, a flexibilização (ou ausência) de leis de patentes e direitos autorais é uma quebra de privilégios onde uma elite costuma se apoiar. Do mesmo modo, um sistema econômico onde não existe a ideia de um banco que controle toda a saúde econômica da sociedade, por meio da monopolização do crédito e da moeda, é uma quebra de privilégios. A própria ideia de monopolização de um modelo específico de propriedade é um tipo de privilégio. Não exi

Liberais clássicos como libertários socialistas

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Por Rodrigo Viana Sabe por que a maioria dos teóricos do liberalismo clássico seria um libertário socialista hoje? Por causa de citações como estas: " Sempre que a legislatura tenta  regulamentar as diferenças entre os chefes e os seus trabalhadores, os advogados da legislatura serão sempre os chefes. Portanto, quando a regulamentação está à favor dos trabalhadores ela é sempre justa e equitativa. Mas às vezes é o contrário, quando está à favor dos chefes. " - Adam Smith " O que quer que não brote de uma livre escolha do homem, ou apenas sendo o resultado de instrução e orientação, não conta como de sua própria natureza. Ele não a realiza com energias verdadeiramente humanas, mas meramente com exatidão mecânica – por isso, quando o trabalhador realiza o seu trabalho sob controle externo, nós podemos admirar o que ele faz, mas desprezamos o que ele é. " - Willhelm von Humboldt " Considerado ser o problema social do futuro, como unir a

Uma nota sobre a secessão escocesa

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Acompanhando um dos assuntos mais comentados nas últimas semanas, o referendo britânico sobre separação escocesa, lembrei de dois pensadores que prezo muito. O primeiro é o economista francês Frédéric Bastiat e o outro é o filósofo alemão Max Stirner. O primeiro entendia que o estado era   uma ficção , uma entidade que se fazia real mas que, de fato, não existia de forma personificada e própria senão pelas ações de seus cidadãos. Aliás, ações estas não muito convidativas. Já o segundo elaborou todo um tratado que colocava abaixo todo tipo de “fantasma” que viesse a se apresentar como uma espécie de entidade concreta. Percebi semelhanças no discurso de ambos neste contexto em específico que me fizeram questionar um pouco a respeito desse referendo. Assim, tenho visto uma certa euforia pela secessão escocesa nos meios libertários com boa parte fazendo uma ligação disso com uma “luta pela liberdade”. Chegando até a evocar, numa versão menos folclórica e mais hollywoodiana, a figur

Liberdade, 'pero no mucho'

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Então vai se confirmando o por quê o tal "movimento libertário" brasileiro (que de libertário tem praticamente nada se comparado com reivindicações libertárias dos anarquistas) vem mostrando de um liberalismo como sempre foi pregado na América Latina: discurso supérfluo, conservador e incoerente. Seja na voz de um professor machista, nos escritos de um economista elitista ou de candidatos caricato s. Do mesmo modo que o movimento liberal americano, de caráter mais radical e coerente iniciado na década de 60, se moveu sobremaneira à direita, assim ocorre no Brasil. Aquele mote "nova esquerda", insosso é verdade, que tentaram cogitar para encorajar um suposto comportamento de oposição ao tal "movimento libertário", se mostra nada mais que uma mera cogitação esquecida pelo tempo, tendo nem sequer nascido. Simplesmente porque esse comportamento nunca existiu, nunca foi oposição de fato, e ele está comumente inserido em instituições diversas, em páginas de

Oito horas da manhã

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Por Ray Nelson No final da exibição o hipnotizador disse aos seus subordinados, “Acordem”. Algo inusitado aconteceu. Um dos subordinados acordou completamente. Isso nunca tinha acontecido antes. Seu nome era George Nada e ele piscou para o mar de gente no anfiteatro, a princípio sem notar qualquer coisa fora do comum. Então ele notou, pontos aqui e ali na multidão, rostos não-humanos, os rostos dos Fascinadores. Eles tinham estado lá durante todo o tempo, claro, mas somente George estava realmente acordado, portanto somente George os reconheceu pelo que eles eram. Ele compreendeu tudo em um instante, incluindo o fato de que se ele estivesse a dar qualquer sinal aparente, os Fascinadores instantaneamente lhe ordenariam retornar ao seu estado anterior, e ele obedeceria. Ele deixou o anfiteatro, trespassando para fora na noite iluminada, evitando  cuidadosamente   qualquer indicação de que ele viu a carne verde e reptliana ou os múltiplos olhos amarelos dos governantes