O que podemos aprender com a greve de policiais




A literatura política mainstream diz que a polícia existe para a manutenção da ordem social, do cumprimento das leis entre outras questões. Mas ela pouco (ou nada) fala sobre o que a literatura política marginal diz sobre o seu papel da manutenção do poder das classes dominantes.
Pois bem, até o presente momento a polícia militar do estado do Espírito Santo está em greve exigindo melhores condições de trabalho e a situação na região está em calamidade. Com a polícia fora das ruas os casos de violência cresceram espantosamente, lembrando muito histórias de Frank Miller. Com esta situação declarada eu meu pergunto já que a polícia existe pra servir e proteger a população por que ela não está cumprindo o seu suposto papel e o que o governo capixaba tem feito a respeito?


Ora, eu não estou aqui defendendo que pessoas devam trabalhar de forma forçada. Isso seria escravidão. E nem que os anseios dos policiais devam ser acolhidos. Isso seria masoquismo. Contudo, não é justo que o resto da população, notadamente as camadas mais frágeis economicamente, sofra com os problemas que não são de responsabilidades delas, geradas por instituições que não as representa. O que se tem visto são saques, violência corporal, hospitais e escolas fechadas e dentre outras ocorrências.
Sim, a polícia está para a manutenção da ordem e do cumprimento da lei mas desde que estas sejam estabelecidas pelas elites dominantes. E isso é notório ao vermos que quem está dando a cara à tapa nos protestos não são os próprios policiais, uma vez que eles podem sofrer represálias (correndo risco de prisão), mas seus familiares que estão na linha de frente. E também o fato de que a maior preocupação do governo capixaba não é manter a população protegida, mas conter o motim através do apoio do exército. Afinal, tal mecanismo criado não existe à toa e seria ingênuo acreditar que as classes dominantes fariam leis que os prejudicasse. Ou se está com o estado ou não está. E polícia que não segue ordens, pela lógica estatal, se torna criminosa.

No meio de tudo isso eu penso o quão necessário é a sociedade civil se mobilizar em construir instituições comunitárias de auto-defesa para se proteger de pessoas violentas (sejam elas amparadas ou não pela lei). Não é justo a máquina estatal ter o monopólio da defesa e sujeitar a todos com instituições desumanas por natureza e, nos momentos mais delicados, deixar a população impotente frente a situações de grande risco. Até quando iremos tolerar estes abusos?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Não Elena Landau, privatização não faz parte do livre-mercado

Oito horas da manhã

A visão estreita do Brasil Paralelo sobre 1964