Não Elena Landau, privatização não faz parte do livre-mercado


Desde quando vender riqueza para ricos privilegiados gera autonomia às pessoas comuns?

Em uma recente entrevista ao site Boletim da Liberdade, Elena Landau, presidente do grupo Livres e economista atuante dos planos de privatizações do governo FHC, fez uma congruência entre privatização e livre-mercado. Nada mais errôneo.
Sinceramente eu duvido muito que Adam Smith, forte defensor dos trabalhadores e do comércio inclusivo, defenderia venda de ativos estatais para senhores feudais ou industriários. Ou então que Stuart Mill, defensor de uma sociedade de cooperativas administradas pelos trabalhadores, aprovasse a venda de ativos estatais para mega-empresários.
E vale mencionar uma ala radical do liberalismo, os Socialistas Ricardianos, que levavam as teorias de Ricardo às últimas consequências, sobretudo com um dos fundadores da revista The Economist, Thomas Hodgskin, que com certeza que não defenderia privatizações. Pra ir mais além, os Anarquistas de Boston, como Benjamin Tucker, absolutos defensores do livre mercado, certamente também não defenderiam tal política.

Em 2014 eu escrevi um texto no site Mercado Popular (Desestatização à cubana, ou: Por que eu não defendo o libertarianismo vulgar) a respeito desse mesmo tipo de política supostamente pró-liberdade que só gera mais renda para uma classe corporativa a acostumada a dominar as camadas superiores do capitalismo corporativo.
Liberdade econômica, seja ela no modelo de mercado ou não, ocorre no empoderamento dos trabalhadores em terem o produto total de seu trabalho exercido. Isso passa pelo fim dos monopólios sobre a propriedade e o crédito. Já vender ativos do estado ao Grande Negócio pode ser tudo menos política de livre-mercado.

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