MEC, ocupações e o exemplo estudantil



De fato as ocupações estão colocando o poder contra a parede. O governo federal tentou (e tenta) de todos os modos jogar a culpa da má gestão do ENEM nos estudantes que estão ocupando escolas. E claro, fazer com que a sociedade aceite esta inverdade como fato concreto. O movimento iniciado pelos secundaristas paulistas em 2015 contra o governo do Geraldo Alckmin e adotado pelo resto do país já na administração Temer está dando o que falar justamente porque tende a renegar os papéis do estado e sua burocracia para fazer uma política do momento, participativa.

Sejamos sinceros, não haverá a tal "classe melhor de políticos" que fará dar uma sobrevida à política nacional e, assim, à nossa sociedade. Isso é uma piada. Não há espaço para a parte marginalizada da sociedade dentro das estruturas do governo. Aqueles que buscam melhorias mas se submetem ao estado, às regras do jogo, estarão fadados a falharem. A história está repleta de exemplos.

O que estes jovens estão fazendo é renegar a suposta "voz do povo", a institucionalizada democracia representativa, para fazer a verdadeira democracia popular via ação direta: descentralizada, não-hierárquica, ordenada e espontânea. Por isso que deu certo antes em São Paulo e vem gerando forma agora em todo o país pois ela é verdadeira. Isso é o que o professor David Graeber chama de "anarquismo cotidiano".

O que os estudantes brasileiros estão executando é o que filósofos políticos como Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph Proudhon diziam há quase dois séculos. E tenho certeza que eles sentiriam um grande orgulho desses estudantes

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