Futebol: o clássico e o moderno




Eu tendo (e creio que a maioria das pessoas também) a dividir o futebol, já como esporte constituído, através de uma divisão histórica: o futebol clássico e o futebol moderno. E uma divisão histórica é uma boa maneira de compreendê-lo.
E pra ficar claro eu não irei levar em questão o futebol histórico, e suas diversas variantes jogadas em vários cantos da Europa durante a Idade Média e início da Moderna, e, naturalmente, outros tipos de futebol: rugby, futebol americano, futebol gaélico, etc.

Mas retornamos ao Association Football, ou ao que chamamos simplesmente de futebol. Ao analisar a evolução histórica deste esporte percebemos certos fenômenos que ocorreram ao qual culminaram no que hoje o entendemos como é.
Então eu acabo classificando o futebol clássico no seu surgimento, em meados do século dezenove até o final da década de 70 do século vinte. Já o futebol moderno a partir da década de 80. Note que o uso de "moderno" aqui nada tem a ver com fatores de mercantilização e descaracterização do futebol, outro assunto relevante mas que não será discutido por hora.

Assim, as décadas de 60 e 70 do século vinte acabam sendo especiais pois são tempos de transição entre um ponto ao outro. Foi uma época onde ocorreu grandes saltos evolutivos dentro e fora dos gramados. E mesmo considerando clássica a forma de jogar futebol nestas décadas, a verdade é que elas não se encaixavam exatamente como nas formas que se jogava em tempos anteriores a estas. Sim, havia semelhanças mas já aparecia características distintas. Então listo abaixo algumas características do futebol na era clássica, desde o seu surgimento até o seu término:
  • unificação e criação das regras fundamentais no qual o esporte se baseia; 
  • fim do amadorismo e surgimento da era da profissionalização; 
  • surgimento das primeiras equipes; 
  • surgimento das primeiras ligas nacionais; 
  • surgimento das primeiras federações nacionais; 
  • exportação do esporte pelo mundo; 
  • surgimento das primeiras ligas internacionais (Copa América, Copa do Mundo e etc.); 
  • surgimento das primeiras federações internacionais (Conmebol, UEFA, FIFA, etc.);
Agora listo algumas das, talvez, principais características do futebol moderno:
  • inovação no estilo de jogar: dinâmico, corrido e preciso. Há o uso de técnicas variadas e distintas tanto nos setores quanto nas posições individuais dos times. Tem-se uma ruptura radical da forma como se praticava o esporte antes; 
  • acompanhamento preciso na saúde dos atletas através de trabalhos de médicos, profissionais da educação física, psicólogos, nutricionistas e etc; 
  • popularização mundial como um fenômeno social de esporte de massa; 
  • modernização: melhorias das regras, uso de novos equipamentos (luva para goleiros, camiseta com tecido especial, etc.), recursos extra-campo (punição via imagens gravadas), entre outras; 
  • futebol como fenômeno econômico global: grandes investimentos, patrocinadores e atletas vistos como estrelas pop; 
  • envolvimento da mídia em geral: transmissão na TV, imprensa especializada; 
  • poder de influência na vida social e política; 
  • criação e consagração de novos formatos de jogar futebol: futsal, futebol de areia, futebol indoor, futebol para cegos; 
  • profissionalização e reconhecimento do futebol feminino.
E, não menos importante, cito algumas características da época de transição das eras - os anos 60 e 70:
  • surgimento das primeiras potenciais: Inglaterra, Brasil, Alemanha, Uruguai, Itália; 
  • surgimento dos primeiros grandes atletas e seus jeitos revolucionários na forma de atuar: Puskás, Pelé, Di Stéfano, Beckenbauer, Cruijff, etc.; 
  • ruptura no estilo clássico de jogar coletivamente: nasce na Holanda o “futebol total”, isto é, a marcação sobre pressão; 
  • rumo à popularização mundial: nasce as primeiras ligas femininas e a consolidação como esporte mais praticado em países com pouca ou nenhuma tradição futebolística.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Oito horas da manhã

Fora do jogo (MGTOW)

Não Elena Landau, privatização não faz parte do livre-mercado