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Fora do jogo (MGTOW)

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Nos círculos subterrâneos da internet lusófona surgiu um fenômeno que parece ter começado a dar a cara na superfície. Ainda em locais alternativos e de maneira tímida mas já aparente. Esse fenômeno é o MGTOW, sigla em inglês que significa Men Going Their Own Way . Que em português significa “Homens seguindo seu próprio caminho”. O fenômeno MGTOW surgiu nos Estados Unidos em meados da década de 2000 e vem se alastrando mundo afora. Já é noticiado no mundo anglófono e vem crescendo em toda a América latina e Europa. Basicamente esta comunidade, sobretudo virtual, de homens heterossexuais se pauta em três princípios: não se casar, não se coabitar e não ter filhos (algumas vezes aconselham nem namorar e só manter contactos mínimos em locais públicos). Em outras palavras, não manter qualquer relação com mulheres que acabe por constituir um relacionamento duradouro. Parece radical, certo? E é, porém de um radicalismo muito diferente. Seus adeptos não apoiam agressividade nem isol

A visão estreita do Brasil Paralelo sobre 1964

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Assisti ao documentário "1964 - O Brasil entre armas e livros" do Brasil Paralelo e senti que faltou algo. Embora haja informações inéditas sobre a época e isso é importante pra ser estudado, o documentário tem pontos com problemas sérios que compromete uma análise ainda mais realista da época porque não menciona ou pouco menciona outros fatores. Na verdade apenas reforça a narrativa histórica da direita que não é nova e não contempla toda a complexidade da realidade. Vou mencionar 5 pontos que faltaram abordar: 1 - Havia no país um bloco de esquerda e outro de direita. Estes blocos, dentro do âmbito institucional, eram coligações partidárias ao qual na direita vinha a UDN de linha conservadora, o Partido Libertador de linha liberal e parlamentarista e, se não me falha a memória, o Partido Republicano. Era a tríade histórica contrária ao populismo autoritário varguista e, depois, contra Jango. Na esquerda vinha o PSD de linha social-democrata, PTB de linha trab

Não Elena Landau, privatização não faz parte do livre-mercado

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Desde quando vender riqueza para ricos privilegiados gera autonomia às pessoas comuns? Em uma recente entrevista ao site Boletim da Liberdade , Elena Landau, presidente do grupo Livres e economista atuante dos planos de privatizações do governo FHC, fez uma congruência entre privatização e livre-mercado. Nada mais errôneo. Sinceramente eu duvido muito que Adam Smith, forte defensor dos trabalhadores e do comércio inclusivo, defenderia venda de ativos estatais para senhores feudais ou industriários. Ou então que Stuart Mill, defensor de uma sociedade de cooperativas administradas pelos trabalhadores, aprovasse a ve nda de ativos estatais para mega-empresários. E vale mencionar uma ala radical do liberalismo, os Socialistas Ricardianos, que levavam as teorias de Ricardo às últimas consequências, sobretudo com um dos fundadores da revista The Economist , Thomas Hodgskin, que com certeza que não defenderia privatizações. Pra ir mais além, os Anarquistas de Boston, como Benjamin T

Entendendo a política Mais Médicos de Bolsonaro

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A nova política Mais Médicos de Bolsonaro tem seus pontos fortes e fracos. A princípio, põe em xeque a suposta voluntariedade do contrato feito pelo governo cubano em relação a seus cidadãos. Tal política dá dignidade às pessoas, reconhece seus direitos humanos em relação a não ter seus salários confiscados e famílias separadas como refém. A política bolsonarista é positiva neste aspecto. No entanto há um entrave. Pra poder seguir com o trabalho prestado só mediante uma avaliação de conhecimentos provando a qualidade. Certificação de qualidade sempre é bem-vinda. Porém quando a certificação não é emitida por alguma instituição livre, mas por um órgão que atua sob monopólio há mais questões envolvidas. Na prática a política bolsonarista significa dar apoio a uma reserva de mercado. Que no caso é proteger o setor médico de possíveis concorrentes. E esse é um ponto negativo. Ora, Bolsonaro é um corporativista apoiador de privilégios, sempre foi e não dá para esperar o contrário. Desde

Heavy Metal, Rock e Blues: minhas considerações

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Na imagem: à esquerda, Jimi Hendrix. Na direita, Howlin' Wolf e na parte de baixo Black Sabbath. O rock pesado. Sim, ele já existia nos anos 60 e eu o encontro em bandas como Beatles, Who, MC5, Doors, Animals, Hendrix e em muitas outras. De fato na época nunca houve bandas que seguissem tal ritmo especificamente e isso só veio de modo sólido com bandas no final da década de 60 e início de 70 em dois segmentos: Hard Rock e Heavy Metal. Então como se enquadra o rock pesado nisso? O nde termina o hard rock e se inicia o Heavy Metal? O termo "rock pesado" (do inglês heavy rock ) é uma forma genérica pra diversos subgêneros da música rock em que se é executado de uma forma enérgica e destoante de outros rock. Seja pela parte instrumental, pelo vocal e/ ou, geralmente, por ambos. Por exemplo, na década de 70 Aerosmith já era rock pesado. O punk do Discharge era rock pesado. Linkin Park é rock pesado. E o que eles têm em comum? Pouca coisa exceto que todas elas não tocavam

O que podemos aprender com a greve de policiais

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A literatura política mainstream diz que a polícia existe para a manutenção da ordem social, do cumprimento das leis entre outras questões. Mas ela pouco (ou nada) fala sobre o que a literatura política marginal diz sobre o seu papel da manutenção do poder das classes dominantes. Pois bem, até o presente momento a polícia militar do estado do Espírito Santo está em greve exigindo melhores condições de trabalho e a situação na região está em calamidade. Com a polícia fora das ruas os casos de violência cresceram espantosamente, lembrando muito histórias de Frank Miller. Com esta situação declarada eu meu pergunto já que a polícia existe pra servir e proteger a população por que ela não está cumprindo o seu suposto papel e o que o governo capixaba tem feito a respeito? Ora, eu não estou aqui defendendo que pessoas devam trabalhar de forma forçada. Isso seria escravidão. E nem que os anseios dos policiais devam ser acolhidos. Isso seria masoquismo. Contudo, não é justo qu

O livre mercado sob a perspectiva anarquista

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Na doutrina liberal, a economia de livre mercado é normalmente definida como um modelo de mercado com mínima intervenção do governo. Claro que o “mínimo” aqui varia, pois nível de intervenção para, por exemplo, o liberalismo do século XIX não é exatamente o mesmo para as correntes posteriores. E com o surgimento de novas escolas liberais essa questão ganhou mais outros significados. Vejamos o ultraliberalismo, corrente esta que defende a completa privatização das funções do estado. Segundo o pensamento ultraliberal, um livre mercado genuíno é um arranjo econômico baseado inteiramente na economia de mercado, isto é, todas as transações executadas por intermédio do laissez-faire, sem qualquer intervenção estatal. Desse modo, diz-se que nenhum tipo de intervenção na economia pode ser considerada como parte de um livre mercado de fato. Mas vamos analisar essas questões de um outro ponto de vista. Dentre as diversas teorias econômicas anti-capitalistas, sobretudo daquelas pró

Futebol: o clássico e o moderno

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Eu tendo (e creio que a maioria das pessoas também) a dividir o futebol, já como esporte constituído, através de uma divisão histórica: o futebol clássico e o futebol moderno. E uma divisão histórica é uma boa maneira de compreendê-lo. E pra ficar claro eu não irei levar em questão o futebol histórico, e suas diversas variantes jogadas em vários cantos da Europa durante a Idade Média e início da Moderna, e, naturalmente, outros tipos de futebol: rugby, futebol americano, futebol gaélico, etc. Mas retornamos ao Association Football , ou ao que chamamos simplesmente de futebol. Ao analisar a evolução histórica deste esporte percebemos certos fenômenos que ocorreram ao qual culminaram no que hoje o entendemos como é. Então eu acabo classificando o futebol clássico no seu surgimento, em meados do século dezenove até o final da década de 70 do século vinte. Já o futebol moderno a partir da década de 80. Note que o uso de "moderno" aqui nada tem a ver com fatores

Para sempre

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É com muito pesar que escrevo esse texto. Como milhões de pessoas, sinto-me profundamente triste com o acidente aéreo que ocorreu no dia 28 de Novembro, no Vôo LaMia 2933 com destino a Medellín. Acidente este onde havia atletas e dirigentes do time da Chapecoense, jornalistas, profissionais de vôo e entre outras pessoas. O curioso é que parece que eu era próximo do grupo, que os conhecia tamanha o sentimento triste que sinto. Foi algo tão forte pra mim que no dia eu preferi me afastar das redes sociais, dos noticiários e das rodas de conversa. Então só agora resolvi comentar. De fato é um sentimento de luto. É muito triste. E acredito que este sentimento, que é um misto de empatia, luto e saudade, é o que nos faz humanos. Pessoas de todo o mundo se comoveram e prestaram suas homenagens. E esta é a minha. Aos que sobreviveram, boa sorte e que sigam suas vidas da melhor forma possível. Aos que faleceram, que descansem em paz. Estavam no avião: Adriano Bite